O poeta romano Virgilio é o cicerone de Dante Alighieri na sua visita ao Inferno. Nas margens do Aqueronte presenciam a cena.
1 comentário:
Anónimo
disse...
DANTE
Pelo divino horror de um desespero eterno e pelo ardor febril a que a alma nos conduz, florindo para o azul, irrompendo do inferno, Dante evoca um abismo onde há lírios de luz.
Cada verso revela um fundo imenso de erma tristeza em que uma voz alucinada clama: e ora, inútil recorda a asa de uma águia enferma, ora a ascensão brutal de uma língua de chama.
Dá-me, agora, o terror de uma visão que assombra. Torvo, Ugolino sofre a sua fome atroz; tem Virgílio a expressão sagrada de uma Sombra; uiva um blasfemo! E a selva é lúgubre e feroz.
Lembra, após, o esplendor pesadelar de um sonho magnífico e sangrento, em que anjos maus esvoaçam, quando por mim, à flor do turbilhão tristonho, enlaçados e nus, Paolo e Francesca passam...
Dante! — Quero-o, porém, mais doloroso e terno, mais humano, a compor, torturado e feliz, sob a angústia mortal do seu secreto inferno, uma canção de amor em louvor de Beatriz!
Um poema de Eduardo Guimaraens publicado no livro A Divina Quimera (1916)
1 comentário:
DANTE
Pelo divino horror de um desespero eterno
e pelo ardor febril a que a alma nos conduz,
florindo para o azul, irrompendo do inferno,
Dante evoca um abismo onde há lírios de luz.
Cada verso revela um fundo imenso de erma
tristeza em que uma voz alucinada clama:
e ora, inútil recorda a asa de uma águia enferma,
ora a ascensão brutal de uma língua de chama.
Dá-me, agora, o terror de uma visão que assombra.
Torvo, Ugolino sofre a sua fome atroz;
tem Virgílio a expressão sagrada de uma Sombra;
uiva um blasfemo! E a selva é lúgubre e feroz.
Lembra, após, o esplendor pesadelar de um sonho
magnífico e sangrento, em que anjos maus esvoaçam,
quando por mim, à flor do turbilhão tristonho,
enlaçados e nus, Paolo e Francesca passam...
Dante! — Quero-o, porém, mais doloroso e terno,
mais humano, a compor, torturado e feliz,
sob a angústia mortal do seu secreto inferno,
uma canção de amor em louvor de Beatriz!
Um poema de Eduardo Guimaraens publicado no livro A Divina Quimera (1916)
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