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Memoriar
A preservação da memória colectiva de uma comunidade deve ser entendida como uma responsabilidade cívica dos cidadãos e uma obrigação dos responsáveis políticos. Mantendo à distância as tentações da reescrita da história e da manipulação da realidade dos factos por uma espécie de historiografia dos vencedores, toda a comunidade deve fomentar a preservação e a divulgação da memória dos factos sociais e políticos das comunidades.
Costuma dizer-se que em política está tudo inventado e a realidade poderá não andar longe disso. A propósito de um bom exemplo de trabalho na preservação da memória de uma comunidade atentemos no projecto “Traçar a Memória do Concelho de Cantanhede”, um projecto desenvolvido pela Câmara Municipal. Esta iniciativa visa o conhecimento, a inventariação, para posterior divulgação, de testemunhos da história das comunidades daquele município. O objectivo, dizem os responsáveis, é a caracterização das dinâmicas socioculturais que se desenvolveram no território concelhio, em diferentes épocas, a partir da constituição de um acervo documental de cariz histórico, etnográfico e cultural, em suporte tecnológico. O que acaba por ser inovador neste projecto é a participação das pessoas e a recolha gravada do seu testemunho. Considera-se, assim, esta a melhor forma para facilitar a compreensão de práticas, costumes, usos e tradições. Esta recolha, devidamente contextualizada em termos temporais, permitirá o acesso a um conhecimento circunstanciado das condições de vida, dos hábitos e de outras características da população em diferentes períodos. Em síntese, a memória pessoal de cada cidadão daquela comunidade é aceite, neste projecto, como uma espécie de fonte histórica.
Esta iniciativa, segundo pudemos apurar, surgiu na sequência de estudos académicos sobre aquilo que o que poderia considerar-se como valores tradicionais da Gândara e da Bairrada desde os finais do século XIX até ao presente. Estes estudos levaram à realização de entrevistas, à recolha de testemunhos de vida, às visitas a locais de interesse cultural comprovado, bem como à constituição de arquivos de fotografias antigas e de textos publicados na imprensa ao longo dos anos. Com base nos referidos estudos académicos, alargando e aprofundando a sua incidência, foi então criado o referido projecto “Traçar a Memória do Concelho de Cantanhede”.
Uma exposição correu as dezanove freguesias do município de modo a criar condições de ambiência e de sugestão de modo a tornar mais fácil a participação e a recolha de testemunhos dos visitantes e, eventualmente, a recolha de outros elementos documentais. A exposição chegou à sede do concelho, ponto de partida e ponto de chegada, depois de andar em itinerância desde Julho de 2007, e o balanço que os responsáveis fazem é de que conseguiram a desejada participação dos munícipes, incentivando-os a colaborar e a enriquecer a informação existente, com relatos da sua própria experiência pessoal e, nalguns casos, com a cedência temporária de registos com valor histórico-cultural (cartas, textos, recortes de jornais e objectos, etc).
A Câmara Municipal de Cantanhede continua a apelar à participação de mais pessoas no projecto. Convida-as a descreverem acontecimentos que considerem relevantes, a que tenham estado ligadas, directa ou indirectamente, ou a emprestarem materiais relacionados com experiências e memórias que ajudem a conhecer e a entender a evolução do concelho ao longo do tempo. O registo dos materiais cedidos é feito de forma imediata, no sítio da exposição ou na Casa Municipal da Cultura. Sempre que necessário, os Serviços Culturais do Município de Cantanhede deslocam-se aos locais onde existam elementos considerados de importância e que, por qualquer razão, não seja possível fazê-los chegar à Casa Municipal da Cultura.
A preservação da memória colectiva de uma comunidade deve ser entendida como uma responsabilidade cívica dos cidadãos e uma obrigação dos responsáveis políticos. Mantendo à distância as tentações da reescrita da história e da manipulação da realidade dos factos por uma espécie de historiografia dos vencedores, toda a comunidade deve fomentar a preservação e a divulgação da memória dos factos sociais e políticos das comunidades.
Costuma dizer-se que em política está tudo inventado e a realidade poderá não andar longe disso. A propósito de um bom exemplo de trabalho na preservação da memória de uma comunidade atentemos no projecto “Traçar a Memória do Concelho de Cantanhede”, um projecto desenvolvido pela Câmara Municipal. Esta iniciativa visa o conhecimento, a inventariação, para posterior divulgação, de testemunhos da história das comunidades daquele município. O objectivo, dizem os responsáveis, é a caracterização das dinâmicas socioculturais que se desenvolveram no território concelhio, em diferentes épocas, a partir da constituição de um acervo documental de cariz histórico, etnográfico e cultural, em suporte tecnológico. O que acaba por ser inovador neste projecto é a participação das pessoas e a recolha gravada do seu testemunho. Considera-se, assim, esta a melhor forma para facilitar a compreensão de práticas, costumes, usos e tradições. Esta recolha, devidamente contextualizada em termos temporais, permitirá o acesso a um conhecimento circunstanciado das condições de vida, dos hábitos e de outras características da população em diferentes períodos. Em síntese, a memória pessoal de cada cidadão daquela comunidade é aceite, neste projecto, como uma espécie de fonte histórica.
Esta iniciativa, segundo pudemos apurar, surgiu na sequência de estudos académicos sobre aquilo que o que poderia considerar-se como valores tradicionais da Gândara e da Bairrada desde os finais do século XIX até ao presente. Estes estudos levaram à realização de entrevistas, à recolha de testemunhos de vida, às visitas a locais de interesse cultural comprovado, bem como à constituição de arquivos de fotografias antigas e de textos publicados na imprensa ao longo dos anos. Com base nos referidos estudos académicos, alargando e aprofundando a sua incidência, foi então criado o referido projecto “Traçar a Memória do Concelho de Cantanhede”.
Uma exposição correu as dezanove freguesias do município de modo a criar condições de ambiência e de sugestão de modo a tornar mais fácil a participação e a recolha de testemunhos dos visitantes e, eventualmente, a recolha de outros elementos documentais. A exposição chegou à sede do concelho, ponto de partida e ponto de chegada, depois de andar em itinerância desde Julho de 2007, e o balanço que os responsáveis fazem é de que conseguiram a desejada participação dos munícipes, incentivando-os a colaborar e a enriquecer a informação existente, com relatos da sua própria experiência pessoal e, nalguns casos, com a cedência temporária de registos com valor histórico-cultural (cartas, textos, recortes de jornais e objectos, etc).
A Câmara Municipal de Cantanhede continua a apelar à participação de mais pessoas no projecto. Convida-as a descreverem acontecimentos que considerem relevantes, a que tenham estado ligadas, directa ou indirectamente, ou a emprestarem materiais relacionados com experiências e memórias que ajudem a conhecer e a entender a evolução do concelho ao longo do tempo. O registo dos materiais cedidos é feito de forma imediata, no sítio da exposição ou na Casa Municipal da Cultura. Sempre que necessário, os Serviços Culturais do Município de Cantanhede deslocam-se aos locais onde existam elementos considerados de importância e que, por qualquer razão, não seja possível fazê-los chegar à Casa Municipal da Cultura.
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Há vários trabalhos historiográficos sobre várias localidades e sobre o concelho da Mealhada. Mesmo assim, consideramos nós, justificava-se plenamente a concretização, no município da Mealhada, de uma iniciativa nos moldes da que foi promovida no concelho de Cantanhede. A recolha de testemunhos pessoais sobre a história do concelho da Mealhada, no século XX, naturalmente, reveste-se de particular importância e, diríamos mesmo, relativa urgência.
Não seria relativamente fácil, nas instalações do Arquivo Municipal da Mealhada, realizar uma iniciativa com os mesmo objectivos de inventariação e preservação do passado, de estudo e de recolha de documentos?
Há vários trabalhos historiográficos sobre várias localidades e sobre o concelho da Mealhada. Mesmo assim, consideramos nós, justificava-se plenamente a concretização, no município da Mealhada, de uma iniciativa nos moldes da que foi promovida no concelho de Cantanhede. A recolha de testemunhos pessoais sobre a história do concelho da Mealhada, no século XX, naturalmente, reveste-se de particular importância e, diríamos mesmo, relativa urgência.
Não seria relativamente fácil, nas instalações do Arquivo Municipal da Mealhada, realizar uma iniciativa com os mesmo objectivos de inventariação e preservação do passado, de estudo e de recolha de documentos?
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Sabemos, de experiência própria, que os munícipes da Mealhada estão sensíveis à divulgação da história concelhia e à recolha dos elementos que para isso contribuam. Por várias vezes, recebemos de leitores emocionados o agradecimento ao Jornal da Mealhada pelo facto de, através de fotografias antigas ou de entrevistas de carácter retrospectivo, terem tido a possibilidade de recordar o passado. Alguns deles, a esse propósito, vão-nos contando mais uma ou outra história, o que, por vezes, nos serve de base para a elaboração de outro texto de natureza idêntica. Acreditamos que haverá, no município da Mealhada, solo fértil para o trabalho de recolha histórica e que, para que ele frutifique, bastará lançar a semente.
O Jornal da Mealhada tem publicado, ao longo de mais de duas décadas, muitos textos que resultam da pesquisa histórica dos seus colaboradores. Depois de termos publicado uma entrevista ao professor Manuel dos Santos sobre a história da fundação do Carnaval, publicamos, esta semana, um trabalho sobre o Grupo das Majoretes da Mealhada, formado na década de setenta do século XX. Testemunhamos, uma vez mais, o trabalho cívico que tivemos o gosto de realizar e a emoção que sentimos na recolha dos relatos dessas realizações. Continuaremos a trabalhar neste âmbito. O Jornal da Mealhada é, para além de outras coisas, um espaço aberto a quem queira dar sugestões, a quem tenha memórias e as queira partilhar, a quem possua documentos escritos, fotografias antigas ou outros objectos que possam avivar a memória colectiva e possam levar a um enriquecimento cultural desta nossa comunidade.
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Sabemos, de experiência própria, que os munícipes da Mealhada estão sensíveis à divulgação da história concelhia e à recolha dos elementos que para isso contribuam. Por várias vezes, recebemos de leitores emocionados o agradecimento ao Jornal da Mealhada pelo facto de, através de fotografias antigas ou de entrevistas de carácter retrospectivo, terem tido a possibilidade de recordar o passado. Alguns deles, a esse propósito, vão-nos contando mais uma ou outra história, o que, por vezes, nos serve de base para a elaboração de outro texto de natureza idêntica. Acreditamos que haverá, no município da Mealhada, solo fértil para o trabalho de recolha histórica e que, para que ele frutifique, bastará lançar a semente.
O Jornal da Mealhada tem publicado, ao longo de mais de duas décadas, muitos textos que resultam da pesquisa histórica dos seus colaboradores. Depois de termos publicado uma entrevista ao professor Manuel dos Santos sobre a história da fundação do Carnaval, publicamos, esta semana, um trabalho sobre o Grupo das Majoretes da Mealhada, formado na década de setenta do século XX. Testemunhamos, uma vez mais, o trabalho cívico que tivemos o gosto de realizar e a emoção que sentimos na recolha dos relatos dessas realizações. Continuaremos a trabalhar neste âmbito. O Jornal da Mealhada é, para além de outras coisas, um espaço aberto a quem queira dar sugestões, a quem tenha memórias e as queira partilhar, a quem possua documentos escritos, fotografias antigas ou outros objectos que possam avivar a memória colectiva e possam levar a um enriquecimento cultural desta nossa comunidade.
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in Editorial do Jornal da Mealhada de 20.02.08
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