Socializar é preciso
O crescimento dos aglomerados urbanos das cidades poderá ter criado melhores condições de vida para muitas pessoas, poderá ter possibilitado um acesso mais fácil a bens de consumo e a realizações de índole cultural ou de natureza social, mas, paradoxalmente, fomentou o individualismo e o isolamento. Vivemos, habitamos, mais próximos, num espaço físico mais limitado, mas a um ritmo de vida alucinante e, para cada um de nós, os outros, mesmo os nossos filhos, os nossos pais ou os nossos amigos, não têm espaço nas nossas agendas. Damos por nós a viver num apartamento, durante anos, sem saber o nome dos nossos vizinhos. Relações interpessoais com as pessoas que residem no mesmo território que nós são coisa que não existe nas nossas vidas.
O tempo disponível, ou a falta dele, o ritmo de vida não são explicação para tudo. Sem promovermos oportunidades de conhecimento, sem nos disponibilizarmos para nos relacionarmos com os outros, será impossível o encontro. Exemplo desta indisponibilidade é o facto de muitos condóminos de prédios preferirem reunir-se no hall de entrada desses blocos habitacionais, em pé, e não no conforto de uma sala. O encontro é necessário e fundamental para todos, enquanto cidadãos, mas também enquanto pessoas.
Já aqui falámos na lógica glocal — pensar global, agir local — como fórmula moderna de intervenção cívica. É esta lógica que presidiu à fundação, em França, de associações de vizinhos e à criação da Festa Europeia dos Vizinhos. Esta festa realiza-se na noite do Dia Europeu dos Vizinhos, a última terça-feira do mês de Maio de cada ano. Começou a realizar-se no 17.º Bairro de Paris, em 1999, e no ano de 2007 foi motivo para sete milhões de pessoas, de vinte e sete países europeus, se relacionarem com os seus vizinhos. Nesse conjunto de pessoas, incluem-se, em Portugal, perto de vinte mil, que participaram em duzentas festas. Entre estas conta-se a festa dos vinte moradores da Rua dos Bombeiros, na Pampilhosa. Em 2008, voltaram a reunir-se, em festa idêntica, para conviverem.
O crescimento dos aglomerados urbanos das cidades poderá ter criado melhores condições de vida para muitas pessoas, poderá ter possibilitado um acesso mais fácil a bens de consumo e a realizações de índole cultural ou de natureza social, mas, paradoxalmente, fomentou o individualismo e o isolamento. Vivemos, habitamos, mais próximos, num espaço físico mais limitado, mas a um ritmo de vida alucinante e, para cada um de nós, os outros, mesmo os nossos filhos, os nossos pais ou os nossos amigos, não têm espaço nas nossas agendas. Damos por nós a viver num apartamento, durante anos, sem saber o nome dos nossos vizinhos. Relações interpessoais com as pessoas que residem no mesmo território que nós são coisa que não existe nas nossas vidas.
O tempo disponível, ou a falta dele, o ritmo de vida não são explicação para tudo. Sem promovermos oportunidades de conhecimento, sem nos disponibilizarmos para nos relacionarmos com os outros, será impossível o encontro. Exemplo desta indisponibilidade é o facto de muitos condóminos de prédios preferirem reunir-se no hall de entrada desses blocos habitacionais, em pé, e não no conforto de uma sala. O encontro é necessário e fundamental para todos, enquanto cidadãos, mas também enquanto pessoas.
Já aqui falámos na lógica glocal — pensar global, agir local — como fórmula moderna de intervenção cívica. É esta lógica que presidiu à fundação, em França, de associações de vizinhos e à criação da Festa Europeia dos Vizinhos. Esta festa realiza-se na noite do Dia Europeu dos Vizinhos, a última terça-feira do mês de Maio de cada ano. Começou a realizar-se no 17.º Bairro de Paris, em 1999, e no ano de 2007 foi motivo para sete milhões de pessoas, de vinte e sete países europeus, se relacionarem com os seus vizinhos. Nesse conjunto de pessoas, incluem-se, em Portugal, perto de vinte mil, que participaram em duzentas festas. Entre estas conta-se a festa dos vinte moradores da Rua dos Bombeiros, na Pampilhosa. Em 2008, voltaram a reunir-se, em festa idêntica, para conviverem.
Na Internet, nos sítios de divulgação da realização lê-se: “O Dia Europeu dos Vizinhos visa combater a apatia permitindo o convívio. É uma grande oportunidade para as cidades e as associações de habitantes mobilizarem os cidadãos, criando um espaço de encontro e de socialização. De seguida, caberá a cada morador organizar a sua própria festa, participando activamente. A festa europeia dos vizinhos também oferece a possibilidade de reforçar os laços entre as cidades europeias, com geminações, ou através da rede de parceiros. Na verdade, as trocas de experiências entre cidadãos europeus permite às cidades e associações de moradores partilharem as suas experiência e as boas práticas no que diz respeito à solidariedade entre vizinhos. Proporciona um sentimento de pertença comum e permite forjar uma identidade europeia baseada no convívio e na solidariedade”.
Consideramos que o exemplo dos moradores da Rua dos Bombeiros, na Pampilhosa, deveria ser seguido por mais pessoas. A realização de Festas de Vizinhos deveria até, na nossa opinião, ser uma iniciativa promovida pelas juntas de freguesia do concelho e pela Câmara Municipal da Mealhada. O município da Mealhada, tendo sofrido, nos últimos anos, um aumento acelerado de habitantes, tem hoje um significativo número de moradores que estão em fase inicial de sociabilização. A escola dos filhos, as reuniões de pais por ocasião das actividades lúdicas, desportivas ou culturais são, muitas vezes, as únicas formas de ligação às pessoas que com eles residem na mesma localidade. Trata-se de pessoas que residiam noutras localidades e que, por variadíssimas razões, preferiram passar a residir no concelho da Mealhada, ou disso tiveram necessidade. Incentivar a integração destas pessoas é uma medida cívica e política fundamental para a coesão da comunidade concelhia.
“Convidar os vizinhos para beber um copo ou partilhar uma refeição pode não resolver os problemas sociais, mas este simples gesto pode ser um princípio. Conhecer os vizinhos ajuda à coesão social, a uma melhor vida em conjunto e cria novos laços de solidariedade entre as pessoas”, consideram os promotores nacionais do Dia Europeu dos Vizinhos. Em 2008, este projecto recebeu o apoio institucional e o alto patrocínio da Presidência da República.
Editorial do Jornal da Mealhada de 4 de Junho de 2008
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