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A mobilidade e a rua para todos
— algumas (e antigas) questões
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Pela sexta vez consecutiva, o município da Mealhada procurou assinalar a Semana Europeia da Mobilidade com algumas iniciativas de que, oportunamente, demos conta. Sem as actividades de animação desenvolvidas em anos anteriores, e rendido à supremacia futebolística no nosso quotidiano, do programa das realizações fez parte o encerramento diurno ao trânsito automóvel da parte norte da Rua Cerveira Lebre. Ficou por fazer, por um lado, aquilo que, há precisamente um ano, chamámos de “debate amplo e acessível a todos os sectores da chamada sociedade aberta” para perspectivar as medidas a tomar a fim de termos “melhores ruas para todos” nos principais aglomerados urbanos do concelho da Mealhada. Por fazer ficou também, e associado ao tema da semana da mobilidade deste ano, uma qualquer acção, com visibilidade, sobre as razões pelas quais os munícipes da Mealhada não têm a satisfação do direito a um “ar puro para todos” — por causa de suínas, bovinas e oleosas atitudes.
“O debate sobre as nossas ruas, sobre o que queremos do espaço público, tem de ser feito. A rua é, no domínio do simbólico, a antecâmara da Democracia. E quantas vezes negamos aos cidadãos em geral, e, em especial, àqueles que padecem de incapacidades de mobilidade, o direito e o acesso à rua?”, escrevemos isto, aqui, há um ano, e ainda não notamos motivos para mudarmos de ideias. Relembramos estas palavras para justificar a necessidade que se mantém de autarcas, de técnicos do urbanismo, de técnicos ambientais, de comerciantes e outros empresários e de todos os cidadãos do município se debruçarem sobre um conjunto de problemas que afectam a utilização do espaço público. Problemas que aqui colocámos há um ano e agora, despudoradamente, referimos: Lixos na rua, passeios das ruas, iluminação, estacionamento automóvel e abertura de novas ruas e pedonalizações.
Lixos na rua
“Se pela rua andam cães a foçar e a espalhar o lixo, de quem é a responsabilidade? É da Câmara, que devia proceder à recolha diária do lixo doméstico dos contentores. Mas não será também culpa do munícipe que deixou o lixo no chão, mesmo que ensacado? Não poderia ele ter procurado outro contentor? Não poderia ter guardado o lixo mais um tempo em sua casa? A responsabilidade não deverá ser partilhada entre os cidadãos e o poder público?”
Passeios das ruas
“Os passeios das nossas ruas — e daquela em particular — devem merecer melhor atenção. Porque são estreitos, porque estão desnivelados, porque estão escorregadios. Nas zonas mais antigas das nossas localidades — a Pampilhosa Alta é disso exemplo — a falta de passeios nas ruas condiciona, e muito, a qualidade de vida dos seus habitantes, muitos deles de provecta idade”.
Iluminação
“A iluminação das nossas ruas, durante a noite, claro está, não será (também) factor determinante para a qualidade de vida dos moradores? Mais luz trará maior sensação de segurança. Essa sensação, ou esse sentimento, permitirá que mais pessoas nela circulem tranquilamente e isso, por si só, criará mais segurança. Isentar os comerciantes do pagamento de taxas de colocação de reclames luminosos não contribuiria para uma maior e melhor iluminação das zonas comerciais das nossas localidades? Não seria também uma forma de incentivar a modernização do comércio local?”
Estacionamento automóvel
“A construção de parques de estacionamento nos centros urbanos contribui para a diminuição da intensidade do tráfego automóvel, outro dos problemas das nossas ruas. A criação de mais espaços verdes, mesmo que pequenos, integrados nas artérias onde circulamos todos os dias, apoiados com moderno mobiliário urbano, não seria um convite à civilidade, à prática do amor pela propriedade comum?”
Abertura de ruas e pedonalizações
“O concelho da Mealhada, diz-nos quem gere o que é do domínio público, estará prestes a realizar um conjunto de obras que, bem pensadas e bem concretizadas, poderão colocar-nos na vanguarda. As transformações no centro histórico da cidade, com a pedonalização da Rua José Cerveira Lebre, com a recolocação do fontanário em frente à Casa Lebre, com o eventual prolongamento da Rua do Jardim, trarão novas oportunidades para uma fruição de qualidade das coisas da nossa terra e para que passemos a gostar mais dela. Para isso contribuirá também a execução dos projectados prolongamentos, na Mealhada, da Avenida Dr. Manuel Louzada, da Avenida 25 de Abril, da Rua 27 de Setembro e da Rua José Branquinho de Carvalho. A par disto espera-se que as transformações na regulação do trânsito nas zonas antigas, como em Sernadelo ou na Pampilhosa Alta, possam trazer mais-valias sociais”.
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