Semana Santa no Bussaco
O programa cultural e lúdico que a Fundação Mata do Buçaco organizou para a Semana Santa de 2010 foi a primeira iniciativa de maior dimensão levada a cabo pela instituição desde a tomada de posse dos seus órgãos sociais, no Verão de 2009. O balanço é, na nossa opinião, muito positivo, e prova um conjunto de ideias que há muito defendemos.
Em primeiro lugar, que uma instituição com a independência formal e institucional face aos poderes políticos tradicionais pode constituir-se como uma extraordinária plataforma de congregação de vontades e disponibilidades para organização de eventos. A Fundação Mata do Buçaco conseguiu congregar grupos de jovens – nomeadamente escuteiros –, para a organização das vias-sacras dos Passos da Prisão (quase inédita na liturgia popular contemporânea da via-sacra) e dos Passos da Paixão, a disponibilidade de voluntários, que garantiram a abertura do Convento e o atendimento aos turistas que quiseram o visitar. Até o apoio do pároco e da paróquia de Luso se mostrou um gesto extraordinário, apesar de não surpreender.
Em segundo lugar, ficou demonstrado que a população está ansiosa por se reconciliar com o Bussaco. Não se ama verdadeiramente o que não se conhece e a atracção inicial que o Bussaco está a provocar nas pessoas – de toda a região – precisa de evoluir para uma relação de amor e de dedicação. Esta Semana Santa foi um bom princípio e a adesão da população poderia classificar-se de maciça. Em qualquer uma das iniciativas deste programa a participação superou as melhores expectativas.
Em terceiro lugar, consideramos que ficou demonstrado que não é difícil divulgar a Mata Nacional do Bussaco junto dos órgãos de comunicação social nacional e que isso pode constituir um pólo de desenvolvimento importante para toda a região. As televisões e os principais jornais nacionais deslocaram-se à Mata para cobrir as iniciativas programadas e demonstraram, assim, que o ‘tema’ tem interesse jornalístico nacional.
O momento é de elogio a todo o pessoal da Fundação e, naturalmente, a todos os que contribuíram para o sucesso do programa. O facto de a Fundação não dispor ainda de verbas para o financiamento da sua actividade – em resultado do atraso na aprovação do Orçamento Geral do Estado e de, não tendo tido actividade em 2009, não ter sequer financiamento por duodécimos – terão constrangido um maior investimento no programa da Semana Santa, constrangimentos esses que, no entanto, não foram visíveis ao público-alvo.
Manter o envolvimento dos parceiros na organização e na programação das actividades da Fundação poderá revelar-se importante e uma mais-valia para conservar as mais-valias conquistadas nesta primeira actividade. A constituição de uma equipa pedagógica (mesmo que só com voluntários) para organização e apoio a actividades para crianças, adolescentes e jovens na Mata – nomeadamente para grupos organizados de jovens, de escuteiros e oferta para crianças na primeira infância – poderá revelar-se frutuosa no caminho de amor entre os portugueses e a Mata.
Aguardam-se, com expectativa, surpresas sobre as actividades de um programa para a Ascensão de 2010, que decorrerão, certamente, em meados do próximo Maio – em 13 de Maio. O Dia da Ascensão tem sido, sem dúvida nenhuma, o Dia do Bussaco e o dia maior de uma união centenária que nas últimas décadas se havia diluído e que agora parece renovar-se.
Editorial do Jornal da Mealhada de 14 de Abril de 2010
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