Hinos aos deuses, não.
Os homens é que merecem
Que se lhes cante a virtude.
Bichos que lavram no chão,
Actuam como parecem,
Sem um disfarce que os mude.
Apenas se os deuses querem
Ser homens, nós os cantemos.
E à soga do mesmo carro,
Com os aguilhões que nos ferem,
Nós também lhes demonstremos
Que são mortais e de barro.
Miguel Torga, in 'Nihil Sibi'
Este poema de Miguel Torga - que conheci há poucos dias - faz-me lembrar, imediatamente, o poema (poderei chamá-lo assim?) - uma espécie de Hino ao Homem - inserido na peça 'Antígona', de Sófocles. Pela voz do coro ouve-se: «Numerosas são as maravilhas da natureza, mas de todas a maior é o Homem!».
Por sua vez, esta frase faz-me lembrar um outro momento - desta vez uma oração - exactamente com esta mesma ideia, mas citada da boca de São Paulo. Recordo que fazia parte - seria a primeira frase - da oração que nos foi proposta na actividade nacional de caminheiros - Trilhos 2002 - no fim do raid já em Santa Comba Dão.
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