sexta-feira, 5 de novembro de 2010

[1205.] Veneris dies

Ecce mulier

Odete Isabel

Amanhã, 6 de Novembro, passam 174 anos sobre a criação, por decreto de Mouzinho de Albuquerque, assinado pela Rainha D.Maria II de Portugal, do concelho da Mealhada. Ao longo destes quase dois séculos, e acompanhando os rebuliços da história de Portugal foram alguns os homens que dirigiram os destinos deste Município, certamente sempre imbuídos do espírito de serviço público, de promoção da qualidade de vida e de bem-estar dos seus concidadãos. Não são do domínio público generalizado o nome de todos eles uma vez que, em 8 de Novembro de 1880 um incêndio na Câmara destruiu 44 anos de registos históricos municipais.

A primeira vez em que todos os mealhadenses puderam votar e escolher um presidente da Câmara, nas primeiras eleições democráticas para o poder local, em 1976, escolheram uma mulher, a lista mais votada foi a do Partido Socialista, encabeçada por Maria Odete dos Santos da Isabel.

Odete Isabel, mealhadense da Póvoa, licenciada em Ciências Farmacêuticas e a trabalhar nos Hospitais da Universidade de Coimbra, foi a primeira presidente da Câmara da Mealhada eleita democraticamente. Foi, também, a única. Cumpriu apenas um mandato e só mais tarde, em 1999, é que outra mulher tomaria o lugar de vereadora na Câmara da Mealhada.

Reza a lenda que dirigiu a autarquia numa altura conturbada. Para além do Processo Revolucionário Em Curso ela e a sua equipa acabaram por ensaiar um modelo de gestão descentralizada do Estado que até essa altura era completamente incipiente. Terão tomado nas mãos um concelho – como quase todos os do país, nessa altura – onde a luz eléctrica não estava generalizada, com uma rede viária municipal precária, com problemas de coesão, entre muitos outros que pessoalmente não consigo já identificar.

Uma grande senhora da Democracia, que hoje saudamos e homenageamos!

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