Há quarenta anos, era expectável que um português, em média, vivesse até aos
60 anos. Hoje, essa Esperança está nos 79 anos, sendo de 82 para as portuguesas.
Para além destes números serem indicadores de progresso científico, de melhoria das condições de vida das pessoas, no fundo, de desenvolvimento, são, também, motivos para uma ampla reflexão, dado o impacto que têm sobre a sociedade e sobre o chamado Estado Social. Não valerá a pena estar a ilustrar a consequência destes dados no Sistema Nacional de Saúde, na Segurança Social, ou nas respostas sociais de terceira idade, cuidados continuados ou paliativos.
Os portugueses que entraram agora na vida ativa, que estarão na casa dos 20/30 anos, trabalharão até aos 60 ou 70 anos e viverão até aos 90 ou 100 anos. Ou seja, por exemplo, estarão reformados quase tanto tempo quanto o que trabalharam.
Na verdade, temos, agora e daqui para a frente, uma verdadeira Terceira Idade. Depois da Idade do Crescimento, e da Idade do Trabalho, há a Terceira Idade, a da reforma, que nem por isso deve ser menos produtiva e frutífera. Antes pelo contrário.
Formas para os nossos seniores continuarem a dar o seu contributo à sociedade são mais do que muitas. O serviço em instituições de voluntariado, de associações e IPSS, nas escolas e na formação de jovens, em grupos de ação e divulgação cultural ou de formação desportiva, etc.. Há, também, as Universidades Seniores, como a que a CADES abrirá na Mealhada e em Luso, em setembro próximo, ou a ação política nas autarquias locais, por exemplo.
Mas de todas estas ocupações há uma, especialmente altruísta e notoriamente de Serviço que é a ocupação de ser avô e avó. Os jovens e as crianças de hoje têm uma oportunidade que muitos dos seus antepassados não tiveram, a de poder conviver e receber instrução e educação dos seus avós.
Hoje, os avós, através dos seus cuidados, do carinho, do apoio e do serviço é uma instituição que beneficia novos e idosos e se reveste de particular importância, num tempo em que pai e mãe trabalham fora e têm uma carreira, em que a escola dura tempo de mais e as crianças chegam a ficar esgotadas com tanta ocupação e tão pouco tempo livre.
Na passada quinta-feira, Dia de Sant’Ana e de São Joaquim - segundo a tradição, os pais de Maria, logo avós de Jesus -, assinalou-se mais um Dia Nacional dos Avós. Dia festivo, de reflexão e homenagem, no Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade Entre gerações.
Valerá a pena pensar de que forma estamos nós, enquanto comunidade, a aproveitar esta dádiva e este potencial, que são os nossos seniores. Potencial que pode ter aproveitamento cultural, social, económico, mas, acima de tudo, cívico e de desenvolvimento humano.
Era bom que o aumento da esperança média de vida significasse, também, um crescimento de Esperança, um crescimento de Vida de Qualidade e, principalmente, de Felicidade.
Editorial do Jornal da Mealhada de 1 de agosto de 2012
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